4.11.09
delírios in the city (ou: Co2 puronamente)
Buscando cores no cinza ia andando lentamente.
Já era noite alta, com calor que cheirava a chuva.
E apesar de distraída e atenta ao mesmo tempo
sentiu uma opressão que vinha
de um muro logo ao seu lado.
Era uma antiga construção branca
indo até onde a vista alcançava.
Uma espécie de portal,
ou melhor, fortaleza,
a divisória concreta entre a vida e a morte.
Não deteve seu passo, mas não parava de olhar
algo vindo lá de dentro queria fazer-se ver.
Seus olhos procuravam mas não sabiam o que
entre as casinhas de pedra
sem janelas e sem sol.
Foi quando sobre a muralha
elas foram aparecendo
andando de lá pra cá
impondo distância e respeito
pelo puro asco e medo
Guardiãs da necrópole,
um exército infinito
atentas a tudo e a todos,
donas de todos os mapas
mantendo a ordem vigente.
Olharam para a intrusa que queria ver demais.
Não disseram nada , mas isso nem precisava.
Ela entendera a mensagem, havia ficado bem claro.
A cidade dos mortos, sem Cérbero nem Anúbis,
era somente delas, baratas de cemitério.
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