26.2.08

Maçã (ou: o dia em que a terra parou )



A noite já estava no fim e ela cansada.
Cansada de tão cansada.
Procurar, procurar, achar que havia encontrado..
Não queria mais brincar disso.

*

Em algum momento da noite ( não saberia dizer qual), ela viu.
Pensou que não, mas era inegável. Insistiu que era só cansaço, já era tarde e ela estava ali a tanto tempo..

Olhou denovo. E denovo. E denovo.

E a cada vez que olhava, lhe parecia mais..... óbvio.
Era um corpo. E esteva lá o tempo todo sem que ela o notasse.
Como poderia? Logo ela, que aprendera a tanto tempo a arte de notar.
Pois é. Desabituara-se ao jogo. Na verdade, nem queria mais jogar.
Ficou lá um tempo e percebeu que também fora vista.
Ela de um lado. Ele do outro.
No peito repiqueavam irresistíveis candombes.
Será que ele estaria ouvindo?
Sim. Pois a olhou novamente.
Ele veio vindo, veio vindo, passou por ela e segurou-a em seu olhar, ou talvez ela o tenha segurado.
Um calor foi subindo desde a espinha dorsal, nuca, até as orelhas.
No momento seguinte pontas de algo se tocaram, mas ninguém viu.
Só eles. E um nó foi feito.

Ele já estava enlaçado nos seus olhos escuros.
Ela já estava em queda-livre nos seus olhos claros.


Um comentário:

Jonas Rocha disse...

bora dançar ao som da MACACA PUTA domingo?